DOI 10.36638/1981-061X.2023.28.2.695  
Romantismo ou Regeneração?  
Romanticism or Regeneration?  
Lucas Parreira Álvares*  
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo,  
dentro de seus limites, compreender a relação  
existente entre o pensamento de Karl Marx e a  
tradição romântica. Para tanto, utilizará dos  
debates deste teórico sobre a situação das  
comunas rurais na Rússia e da interpretação que  
o sociólogo brasileiro/francês Michael Löwy faz  
desses escritos de Marx associando-os a uma  
espécie de “romantismo revolucionário”. No  
plano de fundo desse objetivo central, o presente  
Abstract: This work has as its objective, within  
its limits, to understand the relation existing  
between the thought of Karl Marx and the  
romantic tradition. To do so, he will use Marx's  
debates about the situation of rural communes  
in Russia and the interpretation that the  
Brazilian/French sociologist Michael Löwy  
makes of these writings of Marx associating  
them with a kind of "revolutionary romanticism."  
In the background of this central objective, the  
present work also includes the development of  
Marx's interest in the literature on Russian rural  
communes and also on the social aspects of that  
country.  
trabalho  
compreende  
também  
o
desenvolvimento do interesse de Marx tanto pela  
literatura sobre as comunas rurais russas quanto  
pelos aspectos sociais daquele país.  
Palavras-chave: Marxismo; Romantismo; Pré-  
Capitalismo; Via Russa.  
Keywords: Marxism, Romantism, Pré-capitalism,  
Russian Road.  
Introdução  
Não que seja suficiente a ponto de preencher prateleiras, mas já é possível  
notarmos boas investigações sobre a relação de Marx com a controvérsia acerca do  
desenvolvimento ou não do capitalismo na Rússia e sua relação com as comunas  
rurais1. Algumas edições de livros publicados no Brasil contribuíram para fornecer,  
tanto aos leitores quanto aos intérpretes, um arsenal de leitura que tornou possível a  
compreensão dessa temática. Em especial podemos mencionar a precursora  
*
Professor Substituto do Departamento de Ciências Sociais UFJF, doutorando em Antropologia  
Cultural UFRJ e pesquisador do Programa Mapeamento de Povos e Comunidades Tradicionais UFMG,  
e-mail - lucasparreira1@gmail.com.  
1 Quando a versão original deste texto foi escrita, ainda não havia sido publicado o importante estudo  
de Vitor Bartoletti Sartori intitulado “Acerca da Individualidade, do desenvolvimento das forças  
produtivas e do ‘romantismo’ em Marx” (2018; 2019). Ou o estudo de Sartori poderia ser integrado à  
argumentação deste artigo, ou manteríamos este artigo em sua primeira versão. Optamos pela segunda  
opção. Vale ressaltar, no entanto, que os diálogos com Sartori foram fundamentais para que este artigo  
fosse escrito, e, suponho, inversamente também para a escrita e publicação do supracitado estudo de  
sua autoria.  
Verinotio  
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Lucas Parreira Álvares  
publicação da obra Dilemas do Socialismo: a controvérsia entre Marx, Engels e os  
Populistas Russos, editada por Rubem César Fernandes e publicada pela editora Paz  
e Terra ainda em 1982, relevante especialmente pela tradução de diversas cartas  
através das quais Marx e principalmente Engels se corresponderam com os  
chamados “populistas russos”; além disso, essa organização de Fernandes trouxe ao  
leitor brasileiro a tradução de textos de autores russos que lidam com questões como  
“progresso”, “desenvolvimento” e “análise econômica” naquele país, como  
Mikhailovski, Danielson, Lavrov, entre outros.  
Na literatura em língua portuguesa, essa obra foi somada a Marx Tardio e a Via  
Russa: Marx e as periferias do capitalismo - publicada originalmente em 1883 e  
traduzida ao público brasileiro somente em 2017 - sob organização de Teodor Shanin  
que forneceu, além de textos clássicos de autores consagrados como Nikolai  
Tchernichevski, interpretações de autores marxistas que abriram novos caminhos de  
leituras e apresentaram informações preciosas através de textos de autores como  
Haruki Wada, Derek Sayer, Philip Corrigan e do próprio Teodor Shanin. Nesses livros  
supracitados, também estão contidos os rascunhos e a correspondência de Marx com  
a revolucionária russa Vera Ivanovna Zasulitch.  
Entretanto, foi com a publicação da obra Lutas de Classes na Rússia, pela editora  
Boitempo, em 2013, que o leitor brasileiro pôde ter em mãos uma tradução mais  
precisa desse material; além disso, essa obra tem a virtude de apresentar a Literatura  
de Refugiados, importante compilado de textos de Friedrich Engels sobre o assunto  
em questão; por fim, e não menos importante, essa edição também é prefaciada pela  
introdução Dialética revolucionária contra a ideologia burguesa de progresso, escrita  
por Michael Löwy.  
Não é do nosso interesse, tampouco aos objetivos deste texto em específico,  
propor uma espécie de “exegese” acerca dessa temática na obra de Marx – trabalho  
esse que foi desempenhado por outros intérpretes (a esse propósito, conferir o  
extenso trabalho de DIAS DE FARIA, 2017). Também não seria adequado tratar dessa  
temática sem expor, minimamente, a nossa interpretação. Entretanto, a inquietação  
que motivou a elaboração desse trabalho se deu a partir de alguns elementos  
apresentados pela Introdução de Michael Löwy na edição da obra Lutas de Classes na  
Rússia, em especial, a relação estabelecida pelo autor brasileiro/francês entre o  
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pensamento de Marx e o que ele entende por “romantismo”2.  
É importante mencionar que não se trata de propor uma crítica à totalidade das  
formulações desse autor, reconhecendo seu lócus de importância no campo do  
pensamento social crítico, mas sim e nesse momento às formulações que estão  
presentes nessa Introdução. Para além de Löwy, não podemos negar que esse texto  
se apresenta também como um esforço inicial de propor uma outra compreensão da  
relação entre Marx e o pensamento romântico, embora o objetivo em questão leve em  
conta uma abrangência mínima diante do modo pelo qual essa tradição apresenta não  
uma influência, mas sim, uma presença no decorrer da obra de Marx.  
1. A sedução romântica ao marxismo  
A publicação da obra Lutas de classes na Rússia pela Editora Boitempo,  
organizada por Michael Löwy, contém alguns dos textos mais importantes dos últimos  
anos de vida de Marx3, a saber, os rascunhos elaborados para confecção de uma carta  
em resposta a questionamentos da revolucionária russa Vera Ivanovna Zasulitch4.  
Adiante, voltaremos nossa atenção tanto para a carta de Vera Zasulitch, quanto para  
os rascunhos e a resposta de Marx. No momento, porém, analisaremos uma passagem  
da introdução de Michael Löwy cujo título é Dialética revolucionária contra a  
ideologia burguesa de “Progresso” à obra Luta de Classes na Rússia. Para Löwy, a  
partir dos textos de Marx sobre a Rússia é possível encontrar  
uma dialética tipicamente romântico-revolucionária entre o passado e  
o futuro, inspirada pelos trabalhos sobre o comunismo primitivo de  
historiadores e antropólogos (românticos) como Georg Maurer e Lewis  
Morgan, frequentemente citados por Marx e Engels. (LÖWY; 2015,  
p.13)  
2 Uma primeira tentativa de estabelecer a crítica a essa relação se deu por meio do texto Os perigos da  
sedução romântica ao marxismo, publicado nos anais do evento Crítica da economia política e do direito  
(2018).  
3 A primeira publicação dos rascunhos e das cartas está na obra Dilemas do Socialismo: Marx, Engels e  
os Populistas Russos, de 1982 sob organização de Rubem César Fernandes pela editora Paz e Terra.  
Recentemente, foi publicada também na recém-publicada Marx e a via Russa, de Teodor Shanin, que  
contém, dentre outros textos, os rascunhos e cartas de Marx a Zasulitch.  
4 “Podemos dividir a organização da obra Lutas de Classes na Rússia em três partes: a primeira com a  
Literatura de Refugiados V, que reúne textos de Engels publicados em 1875 (...) A segunda parte da  
obra podemos atribuir à Carta à redação da Otechestvenye Zapiski relevante revista de São  
Petersburgo alinhada aos populistas russos de autoria de Karl Marx, com a intenção de ser enviada à  
redação da revista. (...) A terceira parte de Lutas de Classe na Rússia diz respeito ao debate de Marx  
com a revolucionária Vera Ivanovna Zasulitch, integrante do grupo revolucionário russo “Emancipação  
do Trabalho”. Na edição, o texto que antecede a discussão entre os revolucionários é uma introdução  
produzida por David Riazanov com o título “Vera Zasulitch e Karl Marx” (ÁLVARES, 2015).  
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Atentaremos às determinações postas nesse trecho de Löwy e as utilizaremos  
como fio condutor que guiará a exposição do presente trabalho. Contudo, para o  
devido entendimento dessa passagem de autoria do brasileiro/francês, é antes  
necessário compreender os pressupostos teóricos que o conduzem a conceber tal  
interpretação a partir dos rascunhos de Marx à Vera Zasulitch,  
O primeiro passo é compreender a noção de “romântico” para esse autor. No  
ano de 1992 veio a público a obra Révolte et Mélancolie: le romantisme à contre-  
courant de la modernité, de autoria do sociólogo aqui em questão, Michael Löwy,  
juntamente com o linguista Robert Sayre5. Tal obra consagra a formação de um  
desenvolvimento teórico que acompanhava Löwy pelo menos desde a década de 70.  
Ela propõe uma interpretação mais abrangente do romantismo não o reduzindo a uma  
corrente literária-artística como também o apresentando como um movimento de  
resistência e reação ao modo de vida na sociedade capitalista moderna (LÖWY; SAYRE,  
2015, p.38). Löwy e Sayre elaboraram uma extensa tipologia desse movimento,  
“variando da direita para a esquerda do espectro político” (LÖWY; SAYRE, 2015, p.85-  
86), distinguindo-o entre: 1) Romantismo Restitucionista; 2) Romantismo Conservador;  
3) Romantismo Fascista; 4) Romantismo Resignado; 5) Romantismo Reformador; 6) e  
Romantismo Revolucionário e/ou Utópico6.  
A peculiaridade dessa tipologia foi também estabelecer, no interior do  
romantismo “Revolucionário e/ou Utópico”, suas diversas tendências: a) Jacobino-  
democrática; b) Populista; c) Socialista utópico-humanista; d) Libertária; e) Marxista7.  
Para Löwy (2015, p.112-113) e Sayre, embora certamente essa é uma  
abordagem do sociólogo, afinal está presente em outras de suas obras precedentes –  
o que distingue o intitulado romantismo-revolucionário-marxista de outras correntes  
com sensibilidade romântica é, dentre outros aspectos, a preocupação central com  
alguns problemas essenciais do marxismo, a saber: “a luta de classes, o papel do  
proletariado como classe universal emancipadora, a possibilidade de utilizar as forças  
5 As edições brasileiras são duas: em 1995 pela Paz e Terra; e em 2015 uma reimpressão pela Editora  
Boitempo.  
6 Com exceção do tipo “Revolucionário e/ou Utópico”, o presente artigo não se aprofundará nas demais  
tendências, afinal, a análise do romantismo como um todo não é o objeto desse artigo. Para mais, vide:  
LOWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e Melancolia. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015, p.85-112.  
7 Com exceção do tipo “Revolucionário e/ou Utópico”, o presente trabalho não pretende se aprofundar  
nas demais tendências do romantismo de Löwy e Sayre, afinal, a análise desse movimento como um  
todo não é o objeto desse trabalho. Para mais, vide: LOWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e  
Melancolia. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015, p.85-112.  
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produtivas modernas em uma economia socialista”. Assim, cita alguns autores que  
acredita terem compartilhado dessa abordagem romântica-revolucionária-marxista,  
dentre eles: E. P. Thompson, Raymond Williams, György Lukács, Ernest Bloch, Walter  
Benjamin, Marcuse, Lefebvre, e William Morris (esse que seria seu exemplo mais  
autêntico). Para além desses intelectuais, Löwy e Sayre dedicam todo um capítulo de  
Revolta e Melancolia a um suposto romantismo de Marx.  
Os primeiros expoentes da tradição marxista consideraram a existência de um  
tríplice “amálgama original” que teria influenciado o pensamento de Marx. Para fins de  
compreensão e somente para esse propósito suponhamos8 que exista um  
amálgama no que se refere às assim chamadas “fontes do marxismo”. A literatura  
marxista, a partir de Kautsky em As três fontes do marxismo e posteriormente com  
Lênin em As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo, atribuiu a três os  
pilares importantes que influenciaram o pensamento de Marx: o Idealismo Alemão, o  
Socialismo Utópico Francês e a Economia Política Inglesa. Para Michael Löwy, existe  
uma quarta fonte que teria influenciado o pensamento de Marx, o Romantismo9.  
Essa influência do pensamento romântico teria ocorrido desde os primeiros  
trabalhos do mouro10, embora Löwy admita que “após converter-se à dialética  
hegeliana, ao materialismo e à filosofia da práxis (1840-1845), Marx rompe com esse  
primeiro romantismo juvenil” (2015, p.120). Até mesmo Löwy sabe muito bem que  
“no Manifesto Comunista (1848), Marx taxa de “reacionário” qualquer sonho de voltar  
ao artesanato ou a outros modos pré-capitalistas de produção” (p.120). Entretanto,  
independentemente dessa análise dos primeiros anos de produção teórica de Marx,  
Löwy ainda admite uma influência do pensamento romântico em Marx:  
8
“Suponhamos”, pois, Chasin (1995) foi responsável por uma crítica certeira a esse “amálgama de  
origem tríplice”.  
9
Em Revolta e Melancolia, Löwy afirma que “o romantismo é uma das fontes esquecidas de Marx e  
Engels, uma fonte que talvez seja tão importante para o trabalho deles quanto o neo-hegelianismo  
alemão ou o materialismo francês” (2015, p.120-121). Além dessa passagem, Löwy afirma  
categoricamente em um vídeo que considera o Romantismo como a quarta fonte de Marx, Engels e do  
pensamento marxista. Vide: https://www.youtube.com/watch?v=oIT1Oho1srk. Teodor Shanin também  
não escapa desse “amálgama” em apontar que, em sua visão, existe também uma quarta influência ao  
pensamento de Marx, mas, diferente de Löwy, Shanin se refere ao populismo russo (SHANIN, 2017,  
p.52).  
10  
Era comum àqueles próximos de Marx o tratarem como “mouro”. Em uma carta a Friedrich Theodor  
Cuno, o apelido foi comentado por Engels: “Jamais era chamado de Marx, tampouco de Karl, mas apenas  
Mouro, assim como cada um de nós tinha um apelido; onde terminavam os apelidos, terminava também  
a intimidade mais estreita. Mouro era seu apelido desde os tempos da universidade; e também na Nova  
Gazeta Renana foi sempre chamado assim. Se eu dirigisse a ele de outro modo, ele certamente  
acreditaria haver algum mal-entendido a ser esclarecido” (cf. Musto, 2018, p. 97).  
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Numa atitude tipicamente dialética, [Marx] vê o capitalismo como um  
sistema que transforma todo o progresso econômico em uma  
calamidade pública. É na análise das devastações sociais provocadas  
pela civilização capitalista bem como em seu interesse pelas  
comunidades pré-capitalistas que ele se junta, pelo menos em certa  
medida, à tradição romântica (LÖWY, 2015, p.120).  
Seguindo a exposição do autor, Löwy apresenta alguns “críticos românticos” que  
teriam influenciado a obra de Marx, como o economista Sismondi; o populista russo  
Danielson; escritores como Dickens e Balzac; filósofos como Carlyle; e claro, não  
poderiam faltar os historiadores e antropólogos caracterizados de “românticos” por  
Löwy como os já supracitados George Maurer e Lewis Morgan. Todavia, o ponto central  
aos nossos propósitos é que, em sua introdução à Lutas de Classes na Rússia, o que  
Löwy associa àqueles escritos de Marx ao tratar da comuna rural russa com o  
pensamento romântico é exatamente o “seu interesse pelas comunidades pré-  
capitalistas”. Analisemos brevemente o desenvolvimento do interesse e dos estudos  
de Karl Marx sobre a Rússia a fim de que possamos compreender o sentido em que  
essas investigações foram realizadas. E, por fim, se é correto ou não atribuir a  
característica de romântico ao interesse de Marx pelas formas sociais que precederam  
o modo de produção capitalista.  
2. Os perigos da sedução romântica ao marxismo  
A seção IV do Manifesto Comunista é dedicada à “posição dos comunistas diante  
dos diversos partidos de oposição”. Naquele momento, os comunistas lutavam “pelos  
interesses e objetivos imediatos da classe operária”, mas, ao mesmo tempo, defendiam  
e representavam “no movimento atual, o futuro do movimento” (MARX; ENGELS, 2010,  
p.68-72). Assim, através do Manifesto, os comunistas se posicionaram de acordo com  
o contexto de alguns países da Europa, que se conformava como “um campo limitado  
do movimento proletário” da época: na França se aliaram ao partido social-democrata;  
na Suíça apoiaram os radicais; na Polônia os democratas revolucionários; e na  
Alemanha o partido comunista. Percebam que a Rússia sequer foi mencionada nessa  
seção. Existe, entretanto, um motivo.  
O prefácio à edição russa do Manifesto Comunista de 1882, assinado por Marx  
e Engels, é um documento especialmente interessante. Esse trabalho de apenas seis  
parágrafos, o último publicado por Marx em vida, constitui, para Kevin Anderson  
(2010, p.197), a única publicação de Marx que estava em consonância com os  
trabalhos que o velho mouro vinha desenvolvendo no decorrer da década de 70 e  
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início da década de 80 do Século XIX até sua morte sobre sociedades pré-capitalistas  
para além da Europa ocidental11.  
A Rússia passou por transformações significativas desde a publicação do  
Manifesto em 1848 até o prefácio à edição russa do Manifesto, já em 188212. Essas  
transformações foram ressaltadas pelo prefácio, que exprimia o fato de que, na época  
da publicação original do Manifesto, “a Rússia se constituía na última grande reserva  
da reação europeia”; era a Rússia um dos países que “proviam a Europa de matérias-  
primas, sendo ao mesmo tempo mercado para venda de seus produtos industriais” e,  
de uma maneira ou de outra, era pilar da ordem europeia vigente (MARX; ENGELS,  
2010, p.73). Mas foi após a publicação do Tomo I de O Capital que a Rússia figurou  
como um elemento determinante na vida de Marx, não apenas pelo interesse teórico  
que aquele país de dimensões continentais possuía, como também um interesse  
político, afinal, Marx era o responsável dentro do Comitê Geral da Associação  
Internacional dos Trabalhadores de estabelecer relações com esse país.  
Teodor Shanin aponta para quatro eventos que marcam experiência política e  
intelectual para o pensamento de Marx no período pós publicação de O Capital (ou  
seja, após 1867): O primeiro, a Comuna de Paris, de 1871, que ofereceu uma lição  
dramática e um tipo de poder revolucionário nunca visto antes; segundo um grande  
avanço no campo da produção de conhecimento, que foi a descoberta da “pré-  
história”, que trouxe as sociedades “primitivas” para dentro de um espaço de estudos  
históricos e etnológicos; terceiro a ampliação do conhecimento das sociedades rurais  
11 Mesmo assim, com uma peculiaridade que não pode deixar de ser notada, como demonstra o japonês  
Haruki Wada: “o manuscrito do prefácio, marcado ‘Londres, 21 de fevereiro de 1881, foi rascunhado  
por Engels; Marx fez apenas uma correção mínima e colocou sua assinatura. Diante do fato de que o  
manuscrito que temos hoje tem uma passagem no fim que foi escrita uma vez, rasurada, e não reescrita,  
é possível vê-lo como uma cópia limpa que Engels transcreveu ainda de outro manuscrito. Todos esses  
fatores nos levam a concluir que Marx, que estava desanimado na época, pediu a Engels para fazer um  
rascunho e o assinou. Que Marx não ficou totalmente satisfeito com o resultado pode ser deduzido da  
carta que ele mandou a Lavrov com o manuscrito: ‘se esta peça, que é para a tradução do russo, for  
para ser publicada como está, em alemão, ainda precisa de toques finais em seu estilo’” (2017, p.116).  
Mesmo o único texto produzido por Marx como resultado das investigações finais de sua vida é dotado  
de uma complexidade quanto à sua produção. Em conversa particular com Marcello Musto, que estudou  
intensamente os aspectos teóricos e biográficos dos anos finais da vida de Marx (cf. Musto, 2018), o  
marxista italiano/canadense afirmou não corroborar com a interpretação de Wada, e me confidenciou  
que não encontrou, em nenhum momento durante suas investigações, indícios que pudessem endossar  
tal interpretação.  
12 Interessante adensar a esse ponto, o fato de que os estudos russos que Marx avançou até ali, “foram  
interrompidos por um tempo considerável pela Comuna de Paris e, depois da derrota, pela luta interna  
dentro da internacional. Foi só depois do congresso de Haia de setembro de 1872 que ele voltou à  
teoria e à questão russa” (WADA, 2017, p.84)  
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não capitalistas inseridas em um mundo capitalista; e quarto a Rússia e os russos  
deram a Marx uma potente combinação: a rica evidência sobre as comunidades rurais  
e a experiência revolucionária direta, tudo isso junto com a teoria e a prática do  
populismo revolucionário russo (SHANIN, 2017, p.31).  
O desenvolvimento dos estudos de Marx sobre a Rússia se deu,  
concomitantemente, ao desenvolvimento do capitalismo naquele país.  
Naquela época, ao passo em que Marx desenvolvia suas investigações, por volta  
de 3/5 das terras cultiváveis da Rússia europeia estavam nas mãos das comunas  
camponesas. Shanin (2017, p. 38-39) explica que o modo de funcionamento da  
divisão da propriedade nessas comunas era realizado da seguinte maneira: cada família  
detinha apenas um pequeno pedaço de terra, que concernia a uma casa e um jardim,  
além de seus animais e equipamentos. O uso da terra cultivável era atribuído para uma  
família pela comuna em termos de longo prazo, os prados eram redefinidos todo ano  
e com frequência eram trabalhados coletivamente. Já os pastos e florestas eram de  
uso comum. Muitos serviços vitais eram realizados coletivamente: o pastoreio da  
aldeia, as guardas locais, o cuidado com os órfãos, entre tantos outros. A divisão dos  
cargos era decidida através de uma assembleia dos chefes de família. Em grande parte  
dessas comunas, essa assembleia era também responsável por dividir, periodicamente,  
as terras cultiváveis entre as famílias13.  
Durante toda a década de 70, bem como do início da década de 80 do Século  
XIX até sua morte, Marx investigou extensamente a literatura russa - sobretudo no que  
concerne à questão da propriedade comunal da terra. O próprio Marx relatou que em  
sua biblioteca continha aproximadamente 200 livros no idioma russo14, o que  
impressiona, considerando o fato de que no início do ano de 1870 Marx sequer tinha  
algum domínio sobre tal idioma. O ponto de partida para que Marx aprendesse russo  
foi a ocasião de que seu amigo Nicolai Danielson (1844-1918), importante populista  
russo e um dos principais expoentes do socialismo naquele país, o presenteou com a  
obra A situação da classe operária na Rússia, de autoria de Flerovsky, em outubro de  
1869, inspirada na quase homônima obra de Engels de 1844. Relatos datam que em  
fevereiro do ano seguinte Marx já iniciara suas investigações sobre o livro russo. Em  
13 Também sobre os aspectos locais da Rússia na segunda metade do século XX, cf. Siljak (2013).  
14 “[após Marx retornar a] Londres, compila a lista dos ‘livros russos em minha estante’ – perto de 200  
títulos” (SAYER, 2017, p.241).  
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carta a Engels no dia 10 de fevereiro de 1870, Marx afirma que “em qualquer  
circunstância, esse é o livro mais importante que apareceu desde o seu A situação da  
classe trabalhadora na Inglaterra”, (MARX apud SAYER, 2017, p.211-212). Também  
em uma carta a Engels, nessa mesma época, a esposa de Marx mencionou que “ele  
começou a estudar russo como se fosse uma questão de vida ou morte”, e, assim,  
aliando “o útil ao agradável”, o modo pelo qual se deu o aprimoramento de Marx junto  
ao idioma foi através de leituras de autores que debatiam tais temas, como Herzen e  
principalmente Tchernichevski.  
Na edição francesa de O Capital, algumas modificações ocorreram na exposição  
final da obra, provavelmente em função dessas novas leituras. Foi retirado, por  
exemplo, o “assim chamado” do título do capítulo 24 de O Capital, constando apenas  
o Acumulação Primitiva. Além disso, foi suprimida uma nota na qual Marx criticava  
Herzen, autor russo que se alinhava com as perspectivas do conhecido grupo  
Populistas Russos. Também, uma das passagens clássicas do capítulo 24 foi  
substituída. Onde se lia que:  
A expropriação da terra que antes pertencia ao produtor rural, ao  
camponês, constitui a base de todo o processo. Sua história assume  
tonalidades distintas nos diversos países e percorre as várias fases em  
sucessão diversa e em diferentes épocas históricas. Apenas na  
Inglaterra, e por isso tomamos esse país como exemplo, tal  
expropriação se apresenta em sua forma clássica (MARX, 2013a,  
p.963)  
Passou-se a ler:  
No cerne do sistema capitalista está, portanto, a separação radical do  
produtor e dos seus meios de produção (...) A base de toda essa  
evolução é a expropriação dos camponeses. Isso só se realizou até  
sua forma final na Inglaterra (...), mas todos os outros países na Europa  
ocidental estão seguindo o mesmo movimento (MARX, 1872-1875;  
p.315).  
Uma implicação óbvia dessa correção é que a forma inglesa de expropriação  
dos camponeses é aplicável apenas à Europa ocidental, ou seja, a Europa oriental e a  
Rússia poderiam ter um desenvolvimento diferente (WADA, 2017, p.88). No ano de  
1877 veio a acontecer a guerra russo-turca, o que deu aos socialistas a esperança de  
que ela pudesse ser a alavanca para a revolução na Rússia. Essa expectativa pode ser  
notada, por exemplo, em uma carta que Marx enviou a Sorge, no dia 27 de setembro  
daquele ano, dizendo:  
Essa crise é um novo momento decisivo na história da Europa. A  
Rússia eu estudei a situação desse país com base em fontes oficiais  
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e não oficiais em russo esteve por um longo período à beira da  
revolução. Todos os fatores para isso já estavam presentes (...) Se a  
mãe natureza não for extraordinariamente dura conosco, talvez nós  
possamos viver o suficiente para ver o dia maravilhoso da cerimônia.  
A revolução, neste tempo, começa do Leste, esse mesmo Leste que  
nós por tanto tempo consideramos como o apoio invencível da  
contrarrevolução (MARX, apud WADA, 2017, p.96).  
Em fevereiro de 1881, Vera Zasulitch, populista russa ligada à ramificação  
Repartição Negra enviou a Marx uma carta cujo interesse estava em consonância com  
o desenvolvimento das pesquisas que o velho mouro desenvolvia. Zasulitch queria a  
análise de Marx sobre o destino da comuna rural russa e sobre “a teoria da necessidade  
histórica de que todos os países do mundo passem por todas as fases de produção  
capitalista” (ZASULITCH, 2013, p. 80). Marx, naquele mesmo mês, elaborou alguns  
extensos rascunhos como respostas a serem enviadas à Vera. Mas sua resposta  
definitiva, em contrapartida, se resumiu a uma pequena carta que tinha como cerne a  
noção de que a assim chamada “fatalidade histórica” desse processo “estava restrita  
aos países da Europa ocidental” e que os estudos que desenvolveu o convenceram de  
que “essa comuna é a alavanca da regeneração social na Rússia” (MARX, 2013b,  
p.114-115).  
O entusiasmo de Löwy junto a essa carta, bem como os rascunhos que a  
antecederam, reside no fato de que, para o sociólogo brasileiro/francês, esses escritos,  
“significam uma ruptura profunda com qualquer interpretação unilinear, evolucionista,  
“etapista” e eurocêntrica do materialismo histórico” (LÖWY, 2013, p.9). Löwy continua:  
a partir de 1877, eles sugerem, ainda que não de forma  
desenvolvida, uma perspectiva dialética, policêntrica, que admite uma  
multiplicidade de formas de transformação histórica, e, sobretudo, a  
possibilidade que as revoluções sociais modernas comecem na  
periferia do sistema capitalista e não, como afirmavam alguns de seus  
escritos anteriores, no centro15. E termina: “trata-se de uma  
verdadeira “virada” metodológica, política e estratégica”.  
Ao tratar de Marx, parece-nos correto afirmar que esses textos estão em  
desacordo com uma interpretação “unilinear, evolucionista, etapista e eurocêntrica” do  
assim chamado materialismo histórico. Entretanto, isso não se configura como uma  
15  
Diante da constatação de que há pelo menos 50 anos a literatura marxista tem estabelecido  
contrapontos convincentes contra uma eventual perspectiva unilinear da história, tenho tomado como  
pressuposto a visão de uma multilinearidade da história no pensamento de Marx. Acredito que essa  
mudança de perspectiva expositiva não é só importante na medida em que reconhece a autenticidade  
de trabalhos previamente realizados, como também suprime a necessidade de apresentar, em todos os  
textos que tratam desse assunto, pelo menos um capítulo para demonstrar o óbvio ao leitor rigoroso  
de Marx.  
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novidade no pensamento de Marx. Já em 1857, cerca de 20 anos antes, o capítulo  
dos Grundrisse intitulado Formas que precederam a produção capitalista deixava essa  
abordagem implícita, e no capítulo A assim chamada acumulação primitiva, na citação  
que mencionamos a pouco, essa perspectiva aparece de maneira explícita16. É  
importante mencionar que Marx não mudou o seu juízo crítico sobre as comunas rurais  
da Rússia a partir dos novos trabalhos que a ele foram apresentados. Não há nenhum  
rompimento drástico – uma espécie de “inflexão” – no pensamento de Marx nos  
esboços preliminares da carta a Vera Zasulitch em relação a suas convicções anteriores  
(MUSTO, 2018, p.76-77; ÁLVARES, 2017; 2019). É tautológico que a leitura de novos  
autores e investigações abrem novos horizontes, não só para Marx, como também para  
qualquer autor17. Mas os elementos de novidade em relação ao passado dizem  
respeito, antes, à abertura teórica graças à qual Marx passou a considerar outras vias  
possíveis para a transição ao socialismo, vias que até então jamais haviam sido  
avaliadas ou, ao contrário, tinham sido consideradas irrealizáveis (MUSTO, 2018,  
p.77).  
Sob a ótica de Sayer (1977, p.67), na esteira dessas interpretações, o que  
ocorreu, no decurso dos anos 1870, “não foi que Marx tivesse mudado de opinião  
sobre o caráter das comunas rurais nem que tivesse decidido que estas, na forma como  
existiam, poderiam tornar-se a base do socialismo”, ao contrário, “o que ele passou a  
considerar foi, antes, a possibilidade de as comunas serem revolucionadas não pelo  
capitalismo, mas pelo socialismo”, e assim, “com a intensificação da comunicação social  
e a modernização dos métodos de produção, o sistema de comunas rurais poderia ser  
incorporado numa sociedade socialista”. Mas voltemos, para retomarmos nosso fio  
16 Por existir, somente no Brasil, mais de 80 anos de literatura marxista que lida com essa questão, não  
desviaremos de nosso propósito principal. Para um aprofundamento que representa “o ponto final” na  
discussão sobre Marx a um suposto etapismo da história, cf. Machado (2018). Para uma crítica à relação  
entre Marx e o evolucionismo social, cf. Álvares (2019).  
17 Por exemplo: é notório que a teoria do valor-trabalho de Marx ainda não estava constituída em sua  
obra Miséria da filosofia (1847), o que se concretizaria de maneira primorosa em O capital (1867) duas  
décadas depois. Mas será que é possível falar de uma “inflexão” no pensamento de Marx da publicação  
de Miséria da filosofia para O capital? Do ponto de vista do aperfeiçoamento das ideias econômicas de  
Marx, Miséria da filosofia constitui a primeira obra na qual Marx concebe “uma visão de conjunto das  
origens, do desenvolvimento, das contradições e da queda do regime capitalista” (MANDEL, 1968,  
p.55). A mudança de Marx para Londres poucos anos depois da publicação da Miséria da  
filosofia favoreceu demasiadamente suas investigações. Dentre outros motivos como o próprio autor  
menciona no prefácio da Contribuição à crítica da economia política , com a mudança para a capital  
inglesa, Marx teve acesso à “prodigiosa quantidade de materiais para a história da economia política  
acumulada no Museu Britânico” (MARX, 2008, p.51). Parece-me, portanto, que não há uma “inflexão”  
(“nova ótica, nova abordagem”) no pensamento de Marx de uma obra para outra” (ÁLVARES, 2017).  
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condutor, à interpretação levada a cabo por Michael Löwy.  
Parece-nos que a proximidade com que Löwy associa o interesse de Marx junto  
as formas pré-capitalistas e ao pensamento romântico se dá através de um desarranjo  
que não se configura no desenvolvimento teórico de Marx. Esse “desarranjo”, que se  
constitui enquanto ponto central desse trabalho, se conforma da seguinte maneira:  
Löwy associa a “romantismo” o que Marx tratou sob o termo de “regeneração”. Marx  
afirma que a “regeneração” que levaria a Rússia ao “novo sistema para o qual tende a  
sociedade moderna, será uma reinvenção, em uma forma superior, de um tipo social  
arcaico” (MARX, 2013b, p.91). A citação é clara, mas é fundamental ressaltar que Marx  
não propõe um retorno ao modo arcaico de sociabilidade, mas sim, a uma reinvenção  
desse modo, principalmente no que concerne as suas características comunais.  
Se não houvesse uma reinvenção superior desse modo, não se trataria de uma  
perspectiva revolucionária, afinal, como o próprio Marx (2011, p.28) menciona, “não  
é do passado, mas unicamente do futuro, que a revolução social do Século XIX pode  
colher a sua poesia”, embora Löwy tenha afirmado, em entrevista ao autor deste  
trabalho, que a revolução social deve colher sua poesia também no passado (cf. LÖWY,  
2017). É verdade que essa passagem de Marx sobre a “poesia do futuro”, contida no  
18 Brumário de Luís Bonaparte, antecede algumas das principais experiências de  
tomada de poder do trabalhador, como por exemplo, a Comuna de Paris, que trouxe  
ensinamentos importantes para a tradição socialista18. Contudo, a revolução socialista  
não pode ser compreendida tal como se compreende uma hipótese (cf. BADIOU,  
2012), o que, evidentemente, implicaria em uma visão teleológica da história.  
A compreensão do romantismo em Löwy não parte do modo pelo qual esse  
movimento se conforma na realidade, mas sim de uma suposição ideal do que o autor  
acredita que esse movimento é.  
O movimento romântico, em Löwy, aparece como um modelo sociológico  
acabado na medida em que, a partir dos pressupostos ideias deste, são incluídos, ou  
não, autores que estudam determinados assuntos ou que, em seus textos, apresentam  
determinadas influências que se aproximam da sua proposta de romantismo. É  
18 No prefácio à edição alemã do Manifesto Comunista, assim como nos textos que compõem a coletânea  
Guerra Civil na França, Marx enfatiza a importância da Comuna de Paris, sobretudo por ter demonstrado  
que “não basta que a classe trabalhadora se apodere da máquina estatal para fazê-la servir a seus  
próprios fins” (Marx; Engels, 2010, p. 72).  
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importante mencionar, nesse aspecto, como já salientava Marx e Engels (2010, p.119),  
que “o método materialista se converte em sua antítese quando é utilizado não como  
fio condutor na investigação histórica, mas como um modelo acabado a que há que  
adaptar os fatos históricos”. Nunca foi e nunca poderia ser um infortúnio para a  
tradição marxista o interesse por formas sociais que precederam o modo de produção  
capitalista. Marx, mais do que qualquer outro, nos convidou a enxergar a história como  
indispensável para qualquer investigação que resulte em compreensões do movimento  
real. A proposição de Löwy, por outro lado, compreende que o interesse por  
investigações sobre formas sociais pré-capitalistas se calca no registro de um  
romantismo.  
Ao considerar como prática romântica o mero interesse de investigação sobre  
formas sociais que precederam o modo de produção capitalista, Löwy abre o  
precedente para considerarmos não apenas que existe uma vertente romântica no  
pensamento de Marx como também, o próprio marxismo, que é caudatário dessa busca  
pela gêsese do objeto ao rastrear o seu nexo interno, também sofreria esta influência  
romântica.  
A antropologia, que até a década de 60 do século XX se caracterizava pelo “quê”  
pesquisar, a saber, povos e modos de vida não ocidentais, poderia ser considerada  
como um campo inteiramente dedicado às pretensões do romantismo. É verdade que  
houve uma intensa influência romântica na antropologia para com os interlocutores  
investigados, o que pode ser observado pelo título da obra-prima de Bronislaw  
Malinowski, que não se chama “Os trobriandeses da Nova-Guiné”, mas sim, Os  
Argonautas do Pacífico Ocidental. Todavia, desde sua origem a antropologia também  
esteve vinculada a contradições inerentes a sua própria existência (cf. ÁLVARES, 2018).  
Ainda que sejamos críticos ao modo como desenvolveu a história do pensamento  
antropológico, não podemos reduzi-la a uma teoria social.  
Se a antropologia fosse reduzida ao romantismo, teríamos ainda mais elementos  
para demonstrar um afastamento de Marx da perspectiva romântica, afinal, Marx foi  
um autêntico crítico ao pensamento de Lewis Morgan, o pai da antropologia americana,  
que caracterizava a distinção entre formas sociais por elementos como cerâmica e a  
escrita, ao passo que, para Marx (2013a, p.257), o que as diferencia “não é ‘o que’ é  
produzido, mas ‘como’, ‘com que meios de trabalho’”. Ainda que tenha sido  
materialista, e mesmo que tenha tido a história como pressuposto teórico, Lewis  
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Morgan jamais foi adepto a uma “concepção materialista da história” – e, sejamos  
justos, Morgan também nunca aderiu uma concepção romântica de mundo.  
Quando Löwy caracteriza toda a extensão dos movimentos que diferem e que se  
opõem à modernidade como “românticos”, ele se assemelha à ironia que Jorge Luis  
Borges (2000, p.76) traz ao mencionar a enciclopédia chinesa do doutor Franz Kuhn,  
um modo curioso de classificação dos animais que se dividiriam em categorias, dentre  
elas, “os que estão incluídos nessa classificação” e os “etcétera” (os que pertencem ao  
imperador, e os que de longe parecem moscas). Se toda crítica ao capitalismo é,  
portanto, uma crítica romântica, nenhuma crítica ao capitalismo é romântica, pois um  
conceito que serve caracterizar tudo, por óbvio, não se distingue de absolutamente  
nada.  
Embora Marx constate que Sismondi o mais renomado dos economistas  
românticos clássicos ou mesmo Carlyle tenham identificado contradições importantes  
no modo de produção capitalista, essas constatações não impossibilitaram que, no  
Manifesto Comunista, Marx tenha criticado especificamente o denominado “socialismo  
pequeno-burguês” especialmente através da figura de Sismondi. É interessante notar  
que na seção “literatura socialista e comunista” do Manifesto, o tópico que mais se  
assemelha à crítica romântica é esse mencionado, o “socialismo pequeno-burguês” –  
mesmo porque é o tópico em que o nome de Sismondi é citado. Porém a abrangência  
que Löwy deu a sua concepção de Romantismo faz com que o assim chamado  
“socialismo feudal”, também criticado por Marx, esteja incluído nas concepções de  
romantismo revolucionário do sociólogo brasileiro/francês, afinal, a partir da “velha  
fraseologia da restauração”, Marx e Engels (2010, p.59-60) apresentam que o  
surgimento do socialismo feudal se deu “em parte lamento, em parte pasquim; em  
parte ecos do passado, em parte ameaças ao futuro” e “se por vezes a sua crítica  
amarga, mordaz e espirituosa feriu a burguesia no coração, sua impotência absoluta  
em compreender a marcha da história moderna terminou sempre produzindo um efeito  
cômico”.  
Ao tempo em que Löwy agrega o socialismo pequeno-burguês ao socialismo  
feudal como se ambos fizessem parte do assim chamado “romantismo revolucionário”,  
Marx e Engels, em uma seção do Manifesto na qual o intuito era exatamente criticar a  
literatura socialista, atribuiu a essas duas formas a alcunha de “socialismo reacionário”.  
Marx produziu intermináveis passagens críticas ao romantismo. Nos limitaremos  
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a uma dos Grundrisse, passagem que é importante a Lukács para sua crítica ao  
anticapitalismo romântico. Marx diz que:  
A conexão é um produto dos indivíduos. É um produto histórico. Faz  
parte de uma determinada fase de seu desenvolvimento. (...) O grau e  
a universalidade do desenvolvimento das capacidades em que essa  
individualidade se torna possível pressupõem justamente a produção  
sobre a base dos valores de troca, que, com a universalidade do  
estranhamento do indivíduo de si e dos outros, primeiro produz a  
universalidade e multilateralidade de suas relações e habilidades. Em  
estágios anteriores de desenvolvimento, o indivíduo singular aparece  
mais completo precisamente porque não elaborou ainda a plenitude  
de suas relações e não as pôs diante de si como poderes e relações  
sociais independentes dele. É tão ridículo ter nostalgia daquela  
plenitude original: da mesma forma, é ridícula a crença de que é  
preciso permanecer naquele completo esvaziamento. O ponto de vista  
burguês jamais foi além da oposição a tal visão romântica e, por isso,  
como legítima antítese, a visão romântica o acompanhará até seu bem-  
aventurado fim. (2011, p.164-165)  
Quando Marx fala que “é tão ridículo ter nostalgia daquela plenitude original”,  
ele não está fazendo coro a uma crítica unicamente negativa às formas sociais que  
historicamente precederam o modo de produção capitalista. Em carta a Engels no dia  
25 de março de 1868, por exemplo, Marx afirma que uma das reações à Revolução  
Francesa e ao Iluminismo foi olhar para dentro da era primitiva de cada povo, “e essa  
corresponde a uma tendência socialista”, ainda que não houvesse uma conexão  
consciente entre os ideais socialistas e as sociedades comunais da Europa (MARX,  
2020).  
É interessante notar que ao mesmo tempo em que Marx demonstra um certo  
entusiasmo com as descobertas realizadas acerca dessas formas sociais o que motiva  
inclusive um aprofundamento dos estudos do velho mouro sobre essa questão nos  
anos seguintes verificado nos assim chamados Cadernos Etnológicos19 em momento  
19  
Sob o título de Ethnological Notebooks of Karl Marx (1972), Lawrence Krader editou e publicou os  
cadernos em que Marx supostamente tratou de assuntos “etnológicos”. Porém, “dos quatro autores  
dos Cadernos etnológicos, Phear e Maine eram juristas de formação, inclusive fizeram carreira na área;  
já Lubbock é um dos percussores da produção de conhecimento arqueológico, sendo um dos  
responsáveis por conceber a arqueologia como uma disciplina científica; e Morgan, esse sim, mesmo  
tendo sua formação enquanto jurista, destinou sua carreira para os temas etnológicos. As notas desses  
quatro autores, na verdade, constituem aproximadamente apenas metade dos cadernos de Marx de  
1879 a 1882 que contém informações sobre sociedades não ocidentais e pré-capitalistas. Além dos  
editados por Krader (...) e nesse bojo incluo aqui também os Cadernos Kovalevsky (p.35) , ainda  
constam anotações dos seguintes autores: o funcionário público colonial Robert Sewell e seus escritos  
sobre a história indiana; os historiadores e juristas alemães Karl Bücher, Ludwig Friedländer, Ludwig  
Lange, Rudolf Jhering e Rudolf Sohm sobre a formação do Estado, classe e gênero em Roma e na Europa  
medieval, o advogado britânico J.W.B. Money e seus estudos sobre a Indonésia; dentre outros trabalhos  
acerca do que hoje entendemos como antropologia física e paleontologia (Anderson, 2010, p.197-  
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algum ele as apresenta como um modelo a ser referenciado, ou seja, deixa implícito  
que atrás da montanha a se escalar não estaria nem o progressismo iluminista nem  
tampouco uma aclamação do passado o que o afasta, novamente, de uma abordagem  
“romântica”.  
Diante do exposto, embora preliminar, temos elementos o suficiente para afirmar  
que “romantismo-revolucionário” nada mais é que um oxímoro.  
O que apresentamos aqui não é mais do que algumas palavras preliminares para  
compreender o distanciamento de Marx do pensamento com as proposições de Löwy  
acerca de seu romantismo. Desse modo, a compreensão das críticas e distanciamentos  
de Marx da concepção romântica é um trabalho ainda a ser feito. E será árduo a quem  
o realizar, afinal, suas considerações críticas partem desde seus textos de juventude,  
como O manifesto filosófico da escola histórica de direito, de 1842, até as formulações  
críticas que podem ser extraídas em suas últimas investigações. Mas, por hora, algumas  
observações já podem ser acumuladas.  
Considerações finais  
A Rússia esteve presente em três aspectos da vida final do pensamento de Marx:  
a primeira como fruto de investigações teóricas; a segunda como uma localidade na  
qual Marx era responsável por se corresponder dentro da Associação Internacional do  
Trabalho; e a terceira através da preocupação que Marx tinha com o modo pelo qual  
seus textos repercutiriam naquele país. Esse último aspecto é importante na medida  
em que na última carta em que trata da Rússia, em dezembro de 1882, ou seja, meses  
antes de sua morte, Marx (apud WADA, 2017, p.117) diz a sua filha Laura Lafargue:  
“algumas publicações russas recentes (...) mostram o grande avanço de minhas teorias  
nesse país. Em nenhum lugar meu êxito é mais agradável. Me dá satisfação saber que  
eu prejudico um poder que é, ao lado da Inglaterra, o verdadeiro baluarte da antiga  
sociedade”. O seu interesse pela Rússia, embora não estivesse investigando  
especificamente com essa questão, nos oferece provas de sua relação com o  
198). É notória a intenção de Krader, como antropólogo, em selecionar os textos assim chamados  
‘etnológicos’ de Marx para a edição que organizou. Entretanto, me parece que da mesma forma um  
jurista poderia ter selecionado textos e seu critério e organizado os “Cadernos jurídicos” de Marx, ou  
que um geólogo pudesse editar os “Cadernos paleontológicos”. A constatação é: apesar dos esforços  
de Krader (...) os anos finais da vida de Marx não foram destinados apenas aos estudos assim chamados  
‘etnológicos’.” (Álvares, 2017). Para uma visão mais aprofundada e específica sobre os chamados  
Cadernos Etnológicos de Marx, cf. Álvares (2019).  
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pensamento romântico. Essas “provas”, por sua vez, denotam o afastamento de Marx  
dessa tradição crítica. Foi a partir dessa suposição que esse trabalho se originou.  
A conclusão, nessa altura, já é evidente: ao ponto em que Löwy buscou aproximar  
a perspectiva romântica da obra de Marx, esse, em contrapartida, procurou se  
distanciar, em toda a extensão de sua obra, dessa perspectiva. Nesse aspecto,  
nenhuma outra evidência no que diz respeito à diferença de abordagem desses  
autores, fica tão bem expressa quanto nos textos em que Marx tratou da Rússia, e na  
interpretação que Michael Löwy faz desses textos de Marx.  
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Como citar:  
ÁLVARES, Lucas Parreira. Romantismo ou Regeneração?. Verinotio, Rio das Ostras, v.  
28, n. 2, pp. XX-XX; jul-dez, 2023.  
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