DOI 10.36638/1981-061X.2024.29.2.740
A escolha de Karl Marx: o cálculo diferencial em
Manuscritos matemáticos
The choice of Karl Marx: differential calculus in the
Mathematical manuscripts
Maria Helena Soares de Souza**
Resumo: O presente artigo busca dar a ver a
fundamentação teórica do cálculo diferencial, em
matemática, com base nos Manuscritos
matemáticos, de Karl Marx, sob movimento
dialético e seus vínculos com o social. Para o
caso, a escolha de Marx confronta as propostas
de Leibniz, D’Alembert / Euler e Lagrange, acerca
do cálculo diferencial. Nomeadas de mística,
racional, algébrica, e simbólica, esta criada por
Marx. Segundo Gerdes, a solução marxiana
oferece a possibilidade de desenvolvimento de
métodos adequados para melhor compreensão
dos fins da educação matemática (ensino e
aprendizagem), se observados os princípios da
dialética marxiana. Para tanto, o artigo perpassa,
criticamente, partes da história da matemática e
da filosofia relativas aos suportes da
argumentação desenvolvida.
Abstract: This article seeks to demonstrate the
theoretical foundation of differential calculus, in
mathematics,
based
on
Karl
Marx's
Mathematical manuscripts, under dialectical
movement and its links with the social. In this
case, Marx's choice confronts the proposals of
Leibniz, D’Alembert / Euler and Lagrange,
regarding differential calculus. Named mystical,
rational, algebraic, and symbolic, this one was
created by Marx. According to Gerdes, the
Marxian solution offers the possibility of
developing appropriate methods for better
understanding the purposes of mathematical
education (teaching and learning), if the
principles of Marxian dialectics are observed. To
this end, the article critically examines parts of
the history of mathematics and philosophy
relating to the support of the argument
developed.
Palavras-chave: Marx; Manuscritos matemáticos;
cálculo diferencial; sociedade; educação.
Keywords: Marx; Mathematical manuscripts;
differential calculation; society; education.
A par da leitura de poetas e romancistas, Marx tinha outra maneira, muito pouco
comum, de descansar intelectualmente: o estudo da matemática, pela qual tinha
especial predileção. A álgebra lhe proporcionava até mesmo um tipo de consolo
moral: era um refúgio nos momentos mais dolorosos de sua vida atormentada.
Durante a última doença da esposa, era-lhe impossível dedicar-se ao trabalho
científico habitual. Só conseguia escapar do abatimento ocasionado pelos
sofrimentos de sua companheira de vida concentrando-se na matemática. Naquele
período de dor profunda, ele escreveu um trabalho sobre cálculo infinitesimal. [...]
Na matemática avançada ele via o movimento dialético em sua forma mais lógica e,
ao mesmo tempo, mais simples.”
(Paul LAFARGUE, Reminiscences of Marx and Engels, 1957, p. 75)1
* Antonio José Romera Valverde é Professor do PPG em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). E-mail: valverde@pucsp.br.
** Maria Helena Soares de Souza é Doutora em Educação Currículo pela Pontifícia Universidade Católica
1
Cf. MUSTO (2018, pp. 101-2). Jenny von Westphalen, esposa de Marx, faleceu aos dois dias de
Verinotio
ISSN 1981 - 061X v. 29 n. 2 – jul.-dez., 2024
nova fase