A teoria das abstrações de Marx

o método científico exato para o estudo do ser social

  • Vânia Noeli Ferreira de Assunção

Resumo

Em seus estudos, Marx repôs o primado de uma ontologia estatutária específica do ser social sobre a gnosiologia. Julgava, de um lado, que, no estudo do ser social, não servem os mesmos instrumentos utilizados nas ciências da natureza; de outro, que não é possível, numa pesquisa de porte ontológico, o tratamento autônomo da questão metodológica, a qual depende do objeto, que sempre demanda formas próprias para ser apreendido. Considerando a fundamentação ontoprática do conhecimento, a determinação social do pensamento e a presença histórica do objeto, Marx praticou, no estudo do ser social, um roteiro de pesquisas muito próprio, com base na analítica da coisa pesquisada e na capacidade humana de abstrair. A força de abstração é apontada por ele como o instrumento adequado para o estudo do ser social, em que se ascende do abstrato ao concreto e se retorna à efetividade, pela qual se medirá o conhecimento alcançado – o conhecer se mede pelo ser, e não pelo seguimento de etapas exógenas, predeterminadas de caráter subjetivo. Este é, para Marx, o método científico exato, no qual a mediação entre o ponto de partida empírico e o ponto de chegada concreto se faz por um trabalho das abstrações, cujas operações próprias são: especificação, delimitação, intensificação, articulação – momentos que compõem a teoria das abstrações.

Palavras-chave: Ontologia; epistemologia; método marxiano; marxologia.

Biografia do Autor

Vânia Noeli Ferreira de Assunção

Professora da Universidade Federal Fluminense – Rio das Ostras.

Publicado
2018-03-28
Seção
Artigos fluxo contínuo